Especialista, Mestre e Doutora em Odontopediatria pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FO-USP)
Pós-doutoranda em Odontopediatria – FO-USP
Assistant Professor in Paediatric Dentistry – Trinity College Dublin (Irlanda).
Um dos maiores desafios quando se trata de restauração anterior em dentes decíduos é encontrar a cor ideal. Mesmo em restaurações onde não há alteração de cor do substrato, como por exemplo, em casos de reconstruções de trauma dentário com fratura envolvendo esmalte e dentina, as cores convencionais encontradas em diversas marcas de resinas compostas, não parecem ser tão compatíveis em produzir um efeito estético clinicamente aceitável. Geralmente as cores de resina composta são desenvolvidas para a dentição permanente, e raramente uma linha específica que pode ser usada para odontopediatria é lançada no mercado.
Quando se trata de restaurações em dentes anteriores com lesões de cárie em dentina, principalmente quando a mesma apresenta uma alteração de cor grande, com escurecimento do substrato, o desafio é ainda maior, já que a opacidade da resina composta, além de sua cor, é importante para obter a estética desejada. No presente caso clínico, uma criança de 2 anos de idade compareceu para tratamento na Clínica de Especialização em Odontopediatria com ênfase em bebês na Faculdade de Odontologia da APCD (FAOA).
Durante o exame clínico, observou-se lesões de cárie em dentina, sem acometimento pulpar (confirmado por radiografia anterior modificada), nos elementos 51, 52, 61 e 62 (Figura 1).
A anamnese da paciente revelou que a criança realizava a higiene dos dentes com dentifrício sem flúor, além de alto consumo de alimentos açucarados. Na primeira consulta, foi realizado a orientação de higiene e dieta com os responsáveis da criança, além de manejo comportamental (falar-mostrar-fazer), para que a criança se sentisse mais à vontade antes de realizar o procedimento restaurador. A aplicação do verniz de flúor foi feita em todos os dentes, ainda durante a primeira sessão. A criança demonstrou-se colaboradora com o tratamento.
Dessa forma, numa segunda consulta (30 dias após a primeira consulta), realizou-se o procedimento restaurador anterior. Não foi realizada nenhuma remoção prévia de tecido cariado ou preparo cavitário e o procedimento foi realizado sob isolamento relativo (roletes de algodão). O passo a passo do procedimento será descrito a seguir:
• Profilaxia com pedra pomes e água;
• Secagem da superfície com jato de ar;
• Aplicação de duas camadas do Adesivo Single Bond Universal (3M) sem condicionamento ácido prévio;
• Restauração utilizando resina composta Resina Filtek Z350 XT WB (3M) em incrementos de até 2 mm, seguido de fotopolimerização por 20 segundos;
• Remoção dos excessos com broca de acabamento em alta rotação (1112F);
• Polimento das restaurações utilizando Disco Diamantado Sof-Lex Espiral (3M);
O aspecto final da restauração pode ser observado na Figura 2.
Lembrando que apenas a restauração da lesão de cárie não é suficiente para o tratamento da doença. O sucesso da restauração depende da mudança de hábitos, tanto de higiene quanto de dieta, e colaboração familiar para o controle do processo.
Após 6 meses (Figura 3), pode-se observar uma melhora da higiene, diminuição da quantidade de placa e sangramento gengival, e restauração satisfatória dos elementos anteriores.
Espero que tenham gostado das dicas!
Até a próxima!