• Sistemas adesivos

    agosto 29, 2019

    Sistemas Adesivos Universais

    • Entenda a evolução dos sistemas adesivos odontológicos e como a opção de uso clínico de um Adesivo Universal pode agregar na sua prática clínica, com Dr Leandro Hilgert - autor de diversos artigos científicos e capítulos de livros em Odontologia Restauradora, Estética e Preventiva.

      Boa Leitura!


    • Prof. Dr. Leandro Hilgert

      Professor de Dentística da Universidade de Brasília (UnB); Especialista, Mestre e Doutor em Dentística pela Universidade Federal de Santa Catarina; PhD em Ciências Médicas (Odontologia/Cariologia) pela Universidade Radboud de Nijmegen, Holanda e é autor de diversos artigos científicos e capítulos de livros sobre Odontologia Preventiva, Restauradora e Estética.


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        Os sistemas adesivos dentários, usualmente, se dividem em duas estratégias de tratamento de superfície do esmalte e dentina: (1) condicione e lave (etch and rinse) ou (2) autocondicionante (self etch). Na primeira, também conhecida como condicionamento ácido total, o ácido fosfórico é aplicado sobre esmalte e dentina, seguido de abundante lavagem e remoção da umidade excessiva antes da aplicação de primer e adesivo, que podem estar apresentados em dois frascos ou em apenas um. Na estratégia autocondicionante, a aplicação prévia do ácido fosfórico não é necessária, sendo os sistemas apresentados em dois fracos (um primer/ácido mais um adesivo) ou em único frasco (uma só solução com as funções de ácido, primer e adesivo). Como uma nova categoria há os sistemas adesivos universais, que serão descritos mais abaixo.

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        Imagem 1 - Classificação contemporânea dos sistemas adesivos (adaptada de Van Meerbeek et al, 2013)

         

        Das primeiras gerações de sistemas adesivos autocondicionantes para as de hoje, houve mudanças significativas no que se refere a sua composição, sendo que duas se destacam: (1) o pH dos adesivos autocondicionantes ficou em geral mais ameno/suave (acima de 2,0-2,5) fazendo com que a interação com a dentina fosse menos agressiva. Com isso, não há remoção de toda a smear layer da embocadura dos túbulos dentinários e remove-se menos mineral da dentina, assim também, expondo menos fibrilas colágenas da dentina; (2) a incorporação no adesivo de monômeros funcionais capazes de se unir quimicamente ao cálcio (como o monômero 10-MDP) o que, acredita-se, possa levar a uma maior estabilidade da união à dentina com o passar do tempo.²

        Sistemas adesivos autocondicionantes com pH ameno e com monômeros funcionais como o 10-MDP tem apresentado bons resultados na adesão à dentina.³ A ausência do passo de condicionamento com ácido fosfórico parece simplificar a técnica, prover mineral (entre eles o cálcio) na superfície dentinária para reagir com o 10-MDP e levar a menor exposição de colágeno (o que pode colaborar para reduzir a degradação da camada híbrida). Porém, o pH mais alto/suave leva a um padrão menos favorável de interação com o esmalte e, nesse tecido altamente mineralizado, o condicionamento prévio com ácido fosfórico parece ser benéfico.4 Daí vem a técnica do condicionamento ácido seletivo de esmalte, em que somente em esmalte é aplicado o ácido fosfórico, seguido de lavagem e secagem. Depois, um adesivo com capacidade autocondicionante é aplicado sobre o esmalte condicionado e dentina não-condicionada, unindo o que há de melhor nas estratégias adesivas, "etch and rinse" no esmalte e "self etch" na dentina.

         

        Sistemas adesivos universais são aqueles que podem ser utilizados tanto na estratégia condicione e lave, como na autocondicionante, como na de condicionamento seletivo de esmalte.5 O sistema adesivo Single Bond Universal, por exemplo, apresenta um pH ameno (ao redor de 2,7) e o monômero funcional 10-MDP. Assim, hoje, acreditamos que a melhor forma de utilizá-lo seja com o condicionamento ácido seletivo de esmalte. Em estudos clínicos nos quais o esmalte foi condicionado antes da aplicação do adesivo universal mencionado a taxa de sucesso de retenção em lesões cervicais não cariosas foi em torno de 98% após 3 anos6 e 96% após 5 anos7, resultados esses que são satisfatórios na literatura.

         

        Assim, se você deseja incorporar o uso de um sistema adesivo universal ao seu dia a dia, ficam algumas dicas: (1) dê preferência para a estratégia de condicionamento ácido seletivo do esmalte; (2) aplique o sistema adesivo universal de forma ativa (esfregando-o vigorosamente) e respeite o tempo recomendado de 20 segundos; (3) capriche na etapa de volatilização dos solventes, com suaves jatos de ar por ao menos 5 a 10 segundos; (4) fotoative o adesivo com uma boa unidade de fotopolimerização

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        Imagem 2 - Exemplo da aplicação do sistema adesivo universal conforme descrito no texto.

         

        REFERÊNCIAS

        1. Van Meerbeek B, De Munck J, Yoshida Y, Inoue S, Vargas M, Vijay P, et al. Adhesion to enamel and dentin: current status and future challenges. Oper Dent Washington-. 2003;28(3):215–35.

        2. Van Meerbeek B, Yoshihara K, Yoshida Y, Mine A, De Munck J, Van Landuyt KL, et al. State of the art of self-etch adhesives. Dent Mater. 2011;27(1):17–28.

        3. Peumans M, De Munck J, Mine A, Van Meerbeek B, Munck J De, Mine A, et al. Clinical effectiveness of contemporary adhesives for the restoration of non-carious cervical lesions. A systematic review. Dent Mater. 2014;30(10):1089–103.

        4. Szesz A, Parreiras S, Reis A, Loguercio A. Selective enamel etching in cervical lesions for self-etch adhesives: A systematic review and meta-analysis. J Dent. 2016;53:1–11.

        5. Perdigão J, Swift EJ. Universal Adhesives. J Esthet Restor Dent. 2015;27(6):331–4.

        6. Loguercio AD, De Paula EA, Hass V, Luque-Martinez I, Reis A, Perdigão J. A new universal simplified adhesive: 36-Month randomized double-blind clinical trial. J Dent. 2015;43(9):1083–92.

        7. Robles A, Lawson NC, Fu CC, Givan D, Burgess JO. Clinical Evaluation of Universal and Two Bottle Total Etch Adhesives at 5 Years. J Dent Res. 2018; 97(A):abstract 1491


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    Espero que tenham gostado. Aguardem nossa próxima edição!

    • Dra. Joseane Lozi – Relações Educacionais e Científicas 3M Oral Care